A abertura do evento, sábado, foi marcada pela apresentação de danças e cantos indígenas das aldeias Piaçaguera e Nhamandú-mirim, localizadas na divisa entre Itanhaém e Peruíbe. Os índios apresentaram o canto “Ritual da Purificação” e, no final, a “Dança dos Guerreiros” com a participação do público. A representante da aldeia indígena Piaçaguera, Catarina, lembrou a importância do ambientalista Ernesto Zwarg junto à causa indígena no Litoral Sul. “Zwarg foi um dos pioneiros que ajudou muito os índios da nossa região”, destacou.
O presidente da Associação Comercial de Itanhaém (ACAI), Eliseu Chagas, também falou sobre a importância do trabalho do IEZ. Citou ainda o problema do vazamento de esgoto nas praias de Itanhaém e que a ACAI está disposta a trabalhar em parceria com as entidades para a solução do problema. Participaram ainda a secretária municipal de Meio Ambiente, Rosana Bifulco, Lúcia Guaraldo, do Instituto Chico Mendes (ICMBio), vereadora Regina Célia de Oliveira, João Malavolta, da Ecosurfi, e Djalma Filoso, da OAB.
O biólogo também montou, na sede da ACAI, exposição de vários animais taxidermizados para o público. Navilli explicou as técnicas usadas na taxidermia e que tem mais de 2 mil animais em seu acervo, entre crustáceos, mamíferos e outros. Ele trabalha em parceria com a Polícia Ambiental, Ibama e outros órgãos no acolhimento de animais. O biólogo já vem realizando palestras de educação ambiental nas escolas e cursos na área de meio ambiente.

Outro palestrante foi o engenheiro agrônomo Vinícius Camba de Almeida, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos (AEA), sobre a implantação de reservas legais conforme a lei 4771/65. E ainda Odair Aurian sobre “Tratamento de Resíduos Hospitalares”, e o engenheiro agrônomo Odil Vasquez, da Associação dos Produtores Rurais da Microbacia Hidrográfica do Rio Branco (Amibra) sobre “Nosso trabalho tem raízes”.
Roseli Cunha, da ONG Reciclando a Favor da Vida (Rafavi), também falou sobre o trabalho da coleta seletiva de lixo no Município e a Cooperativa. O trabalho começou em 2008 com 35 ex-catadores e hoje conta com 21 cooperados que trabalham com a separação e a comercialização dos resíduos sólidos. A coleta seletiva tem sido realizada em escolas, repartições públicas e em alguns pontos nos bairros de Itanhaém, em dias alternados. Os cooperados coletam 35 toneladas/mês de resíduos que são vendidos no próprio Município.
Na noite de sábado, no auditório da Faculdade de Itanhaém (Faita), o professor doutor e sociólogo Maurício Waldmann, falou sobre resíduos sólidos. Ele destacou a diferença entre as palavras: resíduos sólidos e lixo. Explicou que o lixo tem a ver com o mau ou coisa ruim, já os resíduos sólidos não têm peso cultural e que podem ser reciclados e reutilizados. Citou ainda que na natureza são movimentados 50 bilhões toneladas de materiais/ano; o homem movimenta 48 bilhões toneladas/ano, sendo que, desse total, 30 bilhões toneladas são de lixo em todo o mundo.
Dos países que mais geram lixo os Estados Unidos estão em primeiro lugar (31%), seguido pela União Européia, Japão e China, mas que o Brasil também é um grande gerador de lixo. Entre 2008 e 2009, a população cresceu 1% no Brasil e a produção de lixo foi 6,6%.
O professor lembrou ainda que para se realizar uma gestão integrada com o objetivo de se diminuir o lixo no planeta tem que haver o cidadão consciente, o Estado atuante e a sociedade participante. “No Brasil temos riqueza de recursos e de pessoas, porém falta vontade política”, finalizou.
O empresário Aires Mauro de Freitas, de Mauá, falou sobre a industrialização de recicláveis. Explicou que trabalha com a reciclagem de pets para a fabricação de outros produtos, como assentos, pranchas, cabides, colchões, etc. “Montei uma empresa familiar com a idéia de ganhar o sustento e, ao mesmo tempo, contribuo para a redução de resíduos”. Fez uma demonstração ao público de como se faz a mistura do polio (resultante do pet) e uma solução química, resultando em outro material usado para fabricar colchões, pranchas e outros.
A noite de sábado contou ainda com duas importantes homenagens - ao engenheiro agrônomo Kanae Fujihira, recebendo o título de Amigo da Agricultura, pelo seu trabalho com cultivo orgânico no município.
Outra homenagem foi feita ao cantor e compositor Bruno Zwarg (irmão de Ernesto Zwarg) pelo presidente da Câmara, Marco Aurélio, que entregou o título de Cidadão Itanhaense por sua contribuição com as letras e músicas sobre Itanhaém. Bruno ainda foi homenageado pelo Coral Municipal Vozes de Itanhaém que cantou músicas do CD “Cancioneiro do Litoral”, como “Trenzinho do Litoral”, “Praias de Itanhaém”, “O velho mar” e outras. E a apresentação do curta-metragem “Aperreio”, do cineasta Doty Luz.
No domingo, encerramento do evento, o público participou de uma caminhada ecológica ao Morro do Sapucaitava, na Praia do Sonho, e ainda de aula de surf seco com uma prancha sustentável e do plantio de uma muda nativa de Mata Atlântica, em frente a sede da ACAI.Texto: Nayara Martins
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