A caminhada, de aproximadamente 9 horas e 30 km de percurso, teve a participação de 29 pessoas que foram acompanhadas por três guias cadastrados na Secretaria de Meio Ambiente. Além de aproveitar o belo visual da serra da Jureia, o grupo também contou com a presença de dois biólogos e dois veterinários especialistas em fauna silvestre, que proporcionaram aos participantes uma verdadeira aula pratica sobre a fauna e a flora de uma das mais ricas biodiversidades do planeta, reserva da biosfera e remanescente da Mata Atlântica. Durante o trajeto foi feita a análise da origem do lixo marinho encontrado, em parte despejado pelas embarcações e trazido pelas correntes marinhas e também deixado pelas populações ribeirinhas no rio Ribeira de Iguape.
Na trilha paralela à praia, o grupo pode avistar dois bandos de macacos-prego, roedores silvestres, jacus-guaçus, surucuás e diversos pássaros de pequeno porte, além da vegetação típica de jundú e a exuberante mata atlântica primária.
Após passar pelo Grajaúna e no morro do Itacolomy, o grupo observou as profundas prospecções de estudos geológicos realizadas pela Nuclebrás, durante o governo militar, para a instalação de uma das quatro usinas atômicas do projeto nuclear brasileiro, previstas para a região. Do alto do morro, se avistou a praia do Itacolomy, a praia do Rio Verde, e o deslumbrante Maciço da Jureia, envolto por nuvens que traziam chuvas ocasionais. Na trilha foram vistas, ainda, algumas pegadas recentes de um mamífero de grande porte.
Durante o trajeto, e principalmente na trilha da serra da Jureia, o grupo pode ver os postes do telégrafo fabricados pela empresa inglesa Siemens, por encomenda do imperador Dom Pedro II, para a comunicação durante a Guerra do Paraguai – daí surgiu o nome “Caminho do Imperador”. Mas a trilha é muito mais antiga: bem antes da guerra do Paraguai e do encontro da imagem do Bom Jesus, a trilha já era utilizada pelos correios de “El Rey”, os antigos carteiros do reino de Portugal que viajavam a pé pelo litoral sul paulista, de São Vicente a Cananéia, entregando correspondências.
Ao final da caminhada, devido à maré alta, os caminhantes tiveram que percorrer mais três quilômetros, na praia da Jureia, até alcançar o caminhão que os levou até Barra do Ribeira, onde passaram a noite. Durante o percurso, o grupo entoou as canções dos “Cancioneiros do Litoral”, dos irmãos Ernesto, Bruno e Ascendino Zwarg.
No domingo, 31, o grupo foi até Iguape e se reuniu em frente à Basílica de Iguape, para prestar homenagem ao saudoso ambientalista Ernesto Zwarg - que completaria 86 anos no dia 29/7, e também visitar a imagem do Bom Jesus de Iguape.
Texto: Nayara Martins e Marcio Zwarg
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