Nos dias 01 e 02 de março ocorrerá em Itanhaém/SP a campanha Clean up Dive, de mergulho e limpeza no mar, parte do Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar do Instituto de Pesca de Santos, pela primeira vez a ser realizado na Ilha Queimada Grande.
A campanha Clean up Dive consiste na localização e retirada de petrechos de pesca abandonados, perdidos ou descartados (PP-ADP), gerados pelas atividades pesqueiras que se dão no mar (industrial, artesanal e esportiva).
Entre os problemas causados pelos petrechos abandonados encontram-se risco de acidentes à navegação, poluição das praias, incrustação de espécies exóticas e o principal deles, a pesca negativa e fantasma.
Na pesca negativa e fantasma, petrechos como fragmentos de redes, cabos, anzóis, chumbadas e armadilhas, continuam a operar, capturando espécies que, enredadas, acabam morrendo, em um processo cíclico e contínuo de impactos ambientais e econômicos.
A campanha Clean up Dive torna possível identificar a origem desses petrechos, quantificá-los, avaliar o impacto dos mesmos e buscar soluções conjuntas com os gestores ambientais. Em paralelo às operações de retirada dos petrechos são realizadas varreduras com sonar, de forma a auxiliar na localização e facilitar o trabalho dos mergulhadores.
Através deste projeto já foram removidos mais de uma tonelada de petrechos, particularmente dentro de Unidades de Conservação de proteção integral, onde a pesca é proibida.
O projeto incentiva a discussão do tema por diferentes segmentos da sociedade, incluindo mergulhadores, pescadores, pesquisadores, indústrias, ambientalistas e todos aqueles eventualmente preocupados com a saúde dos oceanos.
As campanhas Clean up Dive orientam os interessados no sentido da prática de recolhimento de petrechos só vir a ser realizada por mergulhadores treinados para tanto, devido ao risco de acidentes. Neste sentido, qualquer pessoa, desejando ajudar, pode participar informando sobre localização e tipo de petrecho avistado durante mergulho, via
www.bluelinesystem.blogspot.com.
Pela primeira vez, o projeto irá desenvolver suas atividades na Ilha Queimada Grande. A Ilha dista 35 quilômetros da costa, possui uma área emersa de aproximadamente 78 ha e localiza-se no litoral sul do Estado de São Paulo. A Ilha Queimada Grande está inserida na Unidade de Conservação federal ARIE Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande/ICMBio-SP, é de uso sustentável, e foi criada pelo Decreto nº 91.887 de 05/11/1985, sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio.
Na Ilha Queimada Grande há espécies endêmicas, categorizadas como criticamente em perigo de extinção, como a jararaca-ilhôa (Bothrops insularis), a dormideira-da-Ilha-da-Queimada-Grande (Dipsas albifrons), a recém descrita Scinax peixotoi, mais de trinta espécies de aves - a mais abundante é a corruíra (Troglodytes musculos). Pelo menos três anfíbios endêmicos e três lagartos, duas cobras-cegas e setenta espécies de aranhas estão catalogadas, dentre outras.
Francesco Antonio Picciolo